29/01/2010

Em Férias

Depois da morte súbita . removeram meu blog indevidamente , voltei a vida, estou viajando, caso queira acompanhar esta minha jornada , pls no blog, AGO NEWS :

http://agostgomes2.blogspot.com/

26/01/2010

Colinas

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Por vezes me pego assim, ruminando idéias, pensamentos . Voltam e vão . Mas gosto assim quando não são turbilhões, ainda que estes me façam criar, ou por vezes sofrer, o que em si nao é muito diferente. Concordam  nisto tantas mães em seus partos gemidos......

Falo aqui destas idéias que nos rodeiam em silêncio, por dias,  giram em torno da mente lentas e macias, como um leve e delicado dedilhar de mamilos. E quando por fim param, cristalizam,  deixam na alma uma sensação úmida , um gosto doce de sabedoria. Não poderia ser diferente , a alma e a mente, ao contrário do corpo e do espírito, são em tudo e no todo femininas.

Circundaram minha alma por estes dias , duas idéias aparentemente adversas, antagônicas, mas por estarem juntas no cenário de minha mente, nele dançaram feito exímias bailarinas.

Era uma a idéia, a imagem de Oxum, Senhora das águas doces, dos rios, Soberana das cachoeiras , geradora de toda vida. Era  a outra a idéia, a imagem terrível da destruição e das mortes causadas pelas cheias, pelas vazantes exageradas dos rios ....
A uni-las? O ritmo , a musicalidade da frase de Mãe Regina da Bahia :

Você é de Oxum , menino! Muitos entram , pouquíssimos ficam em sua vida, amizades, amores, Oxum é ciumenta querido ! Ela é a Senhora do Ouro, o ouro está no leito dos rios, Oxum revira, retira, nada deixa que não seja precioso, puro ! Pasmei !!!!!

Aos poucos, passando os dias, muita coisa pensei, muita coisa lembrei.......

Em passado não muito distante , a cidadela a qual chamo minha vida, foi invadida por um rio impiedoso que a tudo inundou, revirou, encheu,destruiu , arrastou.
Lembrei em sorrisos (porque agora verdadeiramente os tenho) que na época, aturdido, perdido, vendo o que "julgava ter" ser destruido , blasfemei, contra todos os céus gritei.

Findo o bailado das idéias meninas, repousa minha alma numa deliciosa compreensão.

As cheias só destroem o que fora construído nos vales, lugares indevidos. No vale de minhas vaidades cultivei em mim falsas virtudes, no meu entorno erigi falsos amigos, falsos amores. As cheias não são punitivas, são apenas naturais, purificadoras
Fico feliz ao peceber que mesmo nos equívocos de então, diversa era minha geografia. Havia Colinas em minha vida. Não tão altas e inantigíves como as montanhas, nem tão baixas e suscetíveis como os vales... Colinas.

Meus poucos e verdadeiros amigos são Colinas. Minhas poucas e sinceras virtudes são Colinas, e somente nelas edifico hoje.....

Agradeço sinceramente Oxumaré , Senhor das mutações e dos equilíbrios, do transporte das águas ,que fez chover imensamente nas cabeceiras , nas cachoeiras de Oxum, e que esta tenha passado tão ciumenta e preciosa por minha cidadela , como um rio violento  arrastando  tudo o que estava no vale  para o Mar, onde Iemanjá acolheu e transformará essa gente tanta em vidas possíveis. Segredos do Mar. Segredos das Águas.

Eu, cá de minhas Colinas, contemplo o Vale e dele não sinto saudades mais!
O Vale é do rio.



24/01/2010

Florada

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Coisa boa é aprender, pensar a partir dos movimentos e segredos da natureza. Afinal dela fazemos parte, também somos naturais , embora na maior parte do tempo esqueçamos disto, em geral agimos e pensamos como se estivessemos acima e fora dela. Quanta tolice!

Fato é que antes de minha ida até Salvador, ao sair de casa e me despedir da quaresmeira que vive diante dela ( não posso chama-la de minha quaresmeira, nada é nosso de fato) vi que ela estava carregada de botões, fiquei feliz mas lamentei que todos se abririam logo e eu não veria o esplendor de sua florada.

Surpresa grande tive ao retonar, a natureza fora mais lenta do que eu pensara, a florada estava ali, pela ausência de pétalas no chão intui que eclodiram naquela tarde. Poderia ter inflado meu ego e fantasiado que havia a quaresmeira me esperado para florir, ri de mim mesmo e me neguei a tal ato de arrogância, conheço estes caminhos de pensamento que tanta aridez na alma nos causam depois... sabiamente o abandonei.

Escolhi outra sinapse, outra trilha de pensamento para dar sentido ao que via. Afinal segundo o Genesis , na visão poética da criação, o Trabalho original de Adão é nominar as criaturas,dar sentido as  co-existências.

Pensei na sabedoria dos ritmos, dos ciclos , do tempo de todas as coisas, do movimento lento da natureza. Sorri ao perceber que tantas vezes sofri porque queria algo em pressa, e tudo parecia sempre tão distante, tão longínquo, tão demorado... por vezes cansei da espera, desisiti do que queria e temo que quando me fora dado de forma diversa aquilo que queria, não o reconheci, a ansiedade me fizera dele esquecer.

Felizmente como estou inserido na natureza, estou envelhecendo, me renovando, me percebendo.

Respirei fundo, contemplei a quaresmeira e fiquei calmo, mais calmo do que já ando, tranquilo por ver confirmado o sentimento que ando intuindo :

Por vezes (e na maioria deles) o tempo age como nosso amigo, e não o contrário, para a obtenção de nossos anseios. Nem que seja ele assim, simples, pequenino, mas grandioso no prazer que provoca, como este de contemplar uma florada.

Aos poucos intuo o que seja de fato uma vida eterna. Mas isto é assunto "pruma" outra conversa !




22/01/2010

Compaixão

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Coisa engraçada é esta de sentir pena, compaixão....
Por vezes é bom, é sensato, nos remete a um mundo solidário, mas raramente isto ocorre, penso que na maioria das vezes a compaixão escamoteia algo tenebroso em nós - a arrogância.

Como sinto-me  maior, compadeço-me do que julgo ser menor, menos afortunado, e neste orgulho tolo e insano me movo no que ouso chamar de caridade.... não é estranho?

Gosto, adoro surpresas , mas destas pequenas do dia a dia. Coisinhas bonitinhas que se estamos atentos percebemos que nos ocorrem, sem que houvessemos planejado. Sempre me fazem pensar.

Voltávamos ontem, Jú e eu, do Pelourinho aqui em Salvador, meio triste, "compadecido" da situação de muitos aqui na Bahia. A caminho do Terreiro de Jesus ( nome lindo para um Largo) passamos em frente a Igreja da Misericórdia , espetáculo arquitetônico, porta linda, rica, majestosa, iluminda, porém cerrada, fechada, avessa a convites......

Ao lado dela, uma portinha feinha, baixinha, de lata toda assim cheia de furinhos.... mas dela saia uma luzinha, nos atraiu, nos chamou, pobrezinha mas nos convidou.....olhamos.

Seus furinhos transmutaram-se em janelas, encantos, lá dentro havia um mundo lindo, altarzinho de Santo Antonio, um jesuzinho tão meiguinho, luzinhas, florzinhas, santinhos, votos, pedidos, esperanças, gratidões, um universo inteiro ali dentro da capelinha, atrás da porta feinha.

Ri de mim , e de minhas compaixõe tantas, vazias.
De lá de dentro , o deus-menino mais que feliz no colo do santinho, cantarolava e me dizia:

Menos Agostinho menos, não se aflija nem se orgulhe, não sinta pena, não julgue, por vezes carências e feiuras são disfarces da doçura.
O infinito é assim, cabe sempre em qualquer cantinho !



21/01/2010

Tempo

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Muitas coisas me afligiam, umas muito, outras nem tanto..mas aflições surgiam.
Há ainda um punhado de coisas , que por me inquietarem me fazem sentir vivo, destas cuido bem, as mantenho em mim como mimos.

Penso que das aflições a que mais nos pertuba é a causada pelo Tempo...

Fui criado, assim como tantos , para viver contra o tempo, para ganhar tempo, para dividir o tempo, para esconder os efeitos do tempo, para estar sempre atento para não disperdiçar  tempo.....como se fosse o tempo coisa minha ou sua.... propriedade da qual tenhamos que dispor, impor, negligenciar, gerenciar ...

Faço aqui uma pausa e me pergunto , diante a isto, se somos de fato uma civilização inteligente........

Sentado no beira-mar de meu eu, contemplo o oceano, a imensidão do que chamamos Vida.

Vida , pelo menos esta que cohecemos ou pelo menos percebemos, é em tudo e sempre uma energia que flui, uma renda que tecemos.... e para que não se perdessem os fios , ou se emaranhassem em mechas sem sentido, nos deu a Mãe Natureza , o ritmo, o ciclo, o nó, a laçada perfeita a qual deu Ela o nome de Tempo.

Ocupo-me agora em ser boa rendeira, toco meus fios com delicadeza, e sem pressa , permito que outras vidas, outros seres, nesta imensuravel natureza, em cada encontro façamos juntos um nó, uma laçada, um tempo.

Teço as vestes do meu ser desnudo....e aceito a ordem cósmica de concluir meu trabalho sempre antes que o sol se ponha.... e não me apresso, se hoje  nada termino, paro, espero , amanhã sol de novo se levanta, recomeço... afinal por do sol haverá sempre, todo dia....... antes que se finde um deles.. concluirei minha obra , usarei minhas rendas, estarei vestido.


20/01/2010

Axé (poder de realização) prenúncio da satisfação

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Descubro-me cada dias mais tranquilo, mais satisfeito.
Gosto da palavra Satisfação, ela me diz mais do que a palavra Felicidade.
Satisfação é algo que se sente, flui, passa e volta, volta e passa.
Felicidade me soa sempre como algo estanque, uma vez atingida.. finda a história! Por isso não a procuro.


Há um quê de sabedoria na satisfação, finda uma refeição, por exemplo, estamos satisfeitos porque provamos de tudo um pouco... nada mais querendo repetir ou provar.. a satisfação é filha da plenitude, irmã da gratidão!

Quando era mais moço (adoro esta expressão) desconhecia as sutilezas da satisfação, e me via sempre nos braços de sua rival - a ansiedade. O imaginário-fantasioso me mantinha cativo nas vielas do medo . Quanta bobagem.....

Não me provava, não me degustava por inteiro, temia tocar nos abismos mais obscuros de minha alma, temia revelar as luzes mais brilhantes de minha constelação interior... quanta fantasia, sorrio (compadecido não rio do meu eu-ontem) !

Mais vivido, mais maduro, vejo em calma que minhas trevas não são tão obscuras e que minhas luzes não são assim tão intensas...... agora sem medo, porque não mais em extremos , me provo em tudo e me satisfaço neste beijo calmo de língua mansa do meu eu comigo ! Tudo tenho , tudo posso, luz e sombra , juntas e ao mesmo tempo provocam em mim o sabor da satisfação.

Momento oportuno para enfim, aqui em Salvador, subir a colina sagrada rumo ao Bonfim.

Festa bonita, ópera de rua, escândalo de satisfação. Tem batuqe, tem cerveja, tem cigarro, corpo suado, pele morena, desejo da carne, desejo da alma, espírito santo, espírito de porco, delirei fui delirado, desejei fui desejado, mistura de delícias, hino sagrado. E com a alma assim travestida de si mesma, mix, mistura, plenitude de vontades aos pés do santo me atiro, e choro devocionado, profano com sagrado, tudo rico, conjugado.

Alma em transe, corpo molhado de suor e de lágrima, exausto  olho para o Senhor do Bonfim ali exposto e ouço o grito do Glorioso Crucificado :

Sou Senhor, sou da  Bahia, sou dos mundos , Oxalá, orixá primeiro.
Senhor das fitas multicores, cabe em mim tudo: amores, dores.
Senhor crucificado , satifesito, vida e morte, deus e homem, assim como em tudo , vivo, misturado!

Axé !




19/01/2010

Anima doce

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Delícia, acordei vagabundo, minha alma ainda divaga nos sonhos...meu corpo lento, dengoso, traz na pele memórias de mundos infinitos que vi e inconsciente vivi.


Adoro a sabedoria da indolência..... Certamente hoje coisas maravilhosas me ocorrerão, já que me abandonei no cosmos.... estou no colo da imensidão.


18/01/2010

Pequenos medos: competir




De coisas tantas já não mais me assusto, porém de algumas, ainda que nos 50 , o por quê ainda me pergunto.
Como exemplo a cor vermelha do olhar competitivo.
Gosto mais do olhar lilás da admiração.
Há nele um quê de vermelho de desejo, há nele um quê de azul de gratidão. Se não tenho em mim o que desejo, me basta ser grato por ver que há quem tenha o que não tenho, e calo a inveja sabedo que certamente algo tenho que também o outro não tem. E assim sendo nos igualamos, não em frustrações do que não temos, mas em admirações mútuas do caleidoscópio da diversidade humana.
E nisto assustado ainda menino me pergunto : Por que competir e destruir se nos fora dado a chance de nos vermos e nos admirarmos....
Assusta-me saber que somos arrogantes demais para amar, admirar um outro humano... talvez por isto criamos Deuses, e a eles devotamos nossa hipócrita admiração.

17/01/2010

Delirios



(Mandala eu-profundo - Tela impressão digital única - 100 x 100 cm)


Noite intensa, Bahia em transe, bebo vinho, danço, mais vinho, danço, canso, vislumbro..

Seres translúcidos se revelam dentro, afora, em mim

Nada ocultam. Chamam-me de opaco. Me oponho !

Pele de luz, neles, dentro, adentro, tudo vejo,sentimentos não escondem.
Em sorriso, amiga ao lado, que meu delirio ouve, atenta me diz

Projeção sua, opaco não és.

Espelho torto, linha diáfana.......

Nada escondo, assim espelho, espero, desejo o outro, os mundos.

(noite alta, bêbado, nela vejo verdades infinitas, sempre !)